March 12, 2018

O fim da renda fixa (como você conhece)

A renda fixa como nós conhecemos acabou! Não existe mais e provavelmente não voltará a existir.

Nós, brasileiros, usamos a renda fixa de uma forma diferente da que ela foi pensada, e por muito tempo. Sua função, historicamente (no Brasil e no mundo), sempre foi a de ser uma reserva de valor: uma aplicação segura, com rendimento aceitável.

Mas, no Brasil, devido ao Plano Real e à necessidade de combater a elevada inflação dos anos 80 e 90, trocamos o rendimento aceitável por taxas extremamente elevadas. Só para você ter uma ideia, entre 1995 (logo após a implantação do Real) e 2017, a Selic apresentou um rendimento médio de 17,1% ao ano. No mesmo período, o Ibovespa (principal indicador do mercado acionário brasileiro) rendeu “apenas” 13,3% ao ano. Ou seja, a renda fixa (atrelada à Selic, taxa básica de juros no país) conseguiu aliar segurança e alta rentabilidade, sendo de longe a melhor opção de investimento.

Isso significa que não havia nada de errado em investirmos tudo (ou quase) em renda fixa: tínhamos pouco risco e muito ganho. O melhor dos mundos. Assim, não é que usamos a renda fixa de forma errada, só nos aproveitamos da grande oportunidade que tivemos.

O problema é que esse cenário mudou. Aliás, vem mudando faz tempo, e pouca gente tem percebido. Para entender a mudança, no gráfico abaixo você pode ver a taxa Selic anual dos últimos 23 anos (pós-Plano Real).

                                                                                                  Evolução da Taxa Selic (fonte: BCB)

Desde 2006 ela vem abaixo dos 17,1% e atingiu valores abaixo de 9% em 2012 e 2013, mas voltou a subir em 2014, 2015 e 2016. O ano passado marcou a volta da estabilidade da economia e, com uma inflação baixa, a Selic foi reduzida até o menor patamar histórico, de 6,75%, seu nível atual. O que significa que o rendimento atual da renda fixa atrelada à Selic é de cerca de metade do histórico da renda variável. Ou seja, o passado dela foi glorioso, mas o presente e o futuro não prometem ser muito bons. E é possível, inclusive, que a taxa básica de juros atinja patamares ainda menores já em 2018.

Parece ruim? É pior

Para entendermos o quanto vamos ganhar com um investimento, temos que entender um pouco de finanças (é simples, eu prometo). Basicamente, quando falamos de taxas de juros ou de retorno de um investimento, há três taxas: nominal, real e líquida.

A primeira nada mais é do que a oficial. No caso da Selic, a taxa de 6,75% é a nominal.

A segunda taxa, a real, é a nominal descontada a inflação. A inflação come parte dos nossos ganhos com investimentos, o que faz com que parte do que recebemos não seja ganho de fato (porque não aumenta nosso poder de compra), mas apenas a reposição da inflação. Como nosso ganho de verdade é só aquele acima da inflação, essa taxa é chamada de real.

Finalmente, temos a taxa líquida. Além da inflação, também temos custos ao investir. Quando você investe, o risco é todo seu, mas o retorno é dividido com outros, como o governo e as entidades do mercado que prestam o serviço. A maior parte dos investimentos paga Imposto de Renda (a parte do governo) e muitas vezes temos que pagar taxas de corretagem ou de administração (a parte dos prestadores de serviço), dependendo do tipo de investimento. Assim, a taxa líquida é calculada descontando, da nominal, a inflação e os custos.

Em resumo: a taxa nominal é a que nos prometem quando investimos, a taxa real representa nosso ganho real (acima da inflação) e a líquida é o que ganhamos de fato (descontados todos os custos). Sabendo disso, no gráfico abaixo você pode ver as três taxas para a Selic estimada para este ano.

A expectativa para 2018 é que a Selic renda 6,53% (taxa nominal). Porém, com uma inflação esperada de 3,67%, a taxa real deve ser de 2,76%. E, com o pagamento de IR (com alíquota de no mínimo 15%) o investimento com base na Selic deve render de fato apenas 1,81% (lembrete: Caderneta de poupança, fundos DI e o CDI rendem menos do que a Selic).

Muita gente ainda diz que a taxa de 6,75% não é ruim. Quando comparada com outros países, ela não é. Mas, em relação ao que estamos acostumados, é péssima. Se você investe apenas em renda fixa, deveria se perguntar se realmente vale a pena todo o esforço de poupar e investir para no fim do ano ganhar apenas 1,8%.

O que fazer? Tiro todo meu dinheiro da renda fixa?

Se você está muito decepcionado com a renda fixa, eu digo para você não ficar. Não é que a renda fixa no Brasil está fora da realidade: nas duas últimas décadas ela esteve, e agora temos uma renda fixa dentro de padrões saudáveis (não é financeiramente possível um governo pagar juros tão elevados por tanto tempo) e razoavelmente alinhados com outros países semelhantes ao Brasil.

No começo eu disse que a função histórica da renda fixa foi de ser uma reserva de valor, garantindo ao investidor segurança e taxa de retorno aceitável. Podemos dizer, então, que mais de 20 anos depois do Plano Real, finalmente temos no Brasil uma renda fixa que cumpre sua função. Assim, você não deve fugir da renda fixa: tenha sempre uma parcela relevante do seu capital investida nela - justamente aquela que você não quer arriscar perder, e aceite o retorno oferecido. O investimento em renda fixa tem como principal fator de decisão a segurança, e não a rentabilidade.

Mas você deve investir também em renda variável (se ainda não investe) – e uma parcela considerável do seu capital. Na Ohr recomendamos, para investimentos de longo prazo, que no mínimo 25% e no máximo 75% do seu capital seja investido em renda variável (e o restante, em renda fixa).

Parece muito? Não é. Se você quer ter um rendimento decente, é necessário correr riscos. Esqueça do passado glorioso da renda fixa: ele ficou no passado. O futuro depende de certo nível de risco, para que você tenha ganhos razoáveis. No gráfico abaixo podemos ver as taxas nominal, real e líquida para o investimento em renda variável, considerando que ela vá apresentar o mesmo rendimento da média dos últimos anos (13,3% ao ano).

Mesmo com uma expectativa de inflação mais alta (utilizamos 4,5%, a média da meta de inflação do Banco Central), a renda variável tem potencial de gerar um rendimento líquido de cerca de 6,5%. É mais de três vezes o rendimento esperado para a renda fixa em 2018 (de 1,8%).

Existe risco nesse tipo de investimento, mas o potencial de retorno mais do que compensa. E vale dizer que esse resultado é da média do mercado (o Ibovespa). Com inteligência, é possível obter retornos significativamente acima destes. Para isso, você precisa apenas de conhecimento.

Na Ohr temos diversas ferramentas para te ajudar a investir com segurança e alta rentabilidade. Para obter conhecimento, temos o livro “Descomplicando Investimentos”, que você pode conhecer mais e adquirir clicando aqui.

Além do livro, temos relatórios em que recomendamos uma carteira indicando quanto investir em renda fixa e em renda variável e em quais ativos, para obter retornos acima da média do mercado. Em fevereiro, nossas carteiras renderam em média 155% do CDI, e as melhores chegaram a 175% do CDI. As carteiras são acessíveis para pequenos investidores, com custos a partir de R$ 10 mensais. E você pode escolher a mais adequada ao seu perfil, conhecer o material disponível sem compromisso e, se não gostar, cancelar a assinatura em até 7 dias – sem que cobremos nada por isso.

Este artigo é parte de uma série que faremos nas próximas semana, dedicados ao tema da queda na taxa de juros e opções de investimentos para obter um bom nível de retorno. Nos próximos artigos vamos discutir o “vício” do brasileiro em investir em renda fixa e como começar a investir em renda variável. E revelaremos o primeiro ativo de renda variável que você deve ter na sua carteira, caso não tenha a menor ideia de como começar a investir em ações. Para receber esses artigos antecipadamente, cadastre-se na nossa lista de e-mail, neste link. Nossos artigos são gratuitos, mas as pessoas cadastradas na lista os recebem antes de publicarmos nas redes sociais e divulgarmos para o público em geral.

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