April 1, 2018

O brasileiro é viciado em renda fixa

No artigo anterior desta série, falamos sobre o fim da renda fixa como fonte de retornos elevados e sobre a necessidade de investidores diversificarem suas aplicações, incluindo uma parcela de renda variável (ações, fundos imobiliários etc.) no seu portfólio.

 

Neste artigo vamos discutir onde os brasileiros investem em geral, que mudanças podem ser feitas e o potencial impacto delas.

 

Brasileiro investe em renda fixa

 

Nós, brasileiros, nos acostumamos a investir em renda fixa. Nos últimos 20 anos esse tipo de investimento apresentou grande retorno e baixo risco, de modo que a maior parte do dinheiro do brasileiro está aplicado em ativos dessa modalidade. No gráfico abaixo você pode ver a evolução dos investimentos de pessoas físicas no Brasil e sua distribuição por tipo de ativo.

Duas coisas chamam a atenção de cara. A primeira é a evolução dos investimentos e seu montante. Eles atingiram um total de R$ 2,56 trilhões (está correto, é trilhões mesmo) no fim de 2017, uma alta de 37% sobre o R$ 1,87 trilhão investido em 2014. A segunda é a parte em azul-escuro da coluna, que representa o investimento em renda fixa, variando entre 76% e 82% do total. Com isso, fica claro que hoje, apesar da forte redução nas taxas de juros, os brasileiros ainda investem a maior parte do seu capital em renda fixa.

 

Mudanças no perfil do investimento podem gerar oportunidades de lucro

 

Outra coisa, mais discreta, que podemos observar é um leve aumento na participação da renda variável e dos ativos mistos (basicamente, fundos multimercados) nos últimos anos.

 

A renda variável respondia por 6% do total em 2015 e cresceu para 9% em 2017. Parece um aumento pequeno (apenas 3 pontos percentuais), mas, quando se leva em conta a magnitude dos valores, se vê que ele foi bastante considerável. Pessoas físicas brasileiras tinham, em 2015, cerca de R$ 127 bilhões investidos em renda variável (diretamente em ações ou em fundos de ações); com esses três pontos percentuais a mais, em 2017 o valor total dessas aplicações chegou a R$ 238 bilhões. São R$ 111 bilhões a mais (um aumento de 88%).

 

No período de 2015 a 2017 a Bolsa subiu 57%. Assim, parte desse aumento de 88% vem do ganho gerado por esse tipo de investimento. Mas, mesmo assim, podemos notar um movimento considerável de capital investido em ações. São mais R$ 39 bilhões investidos em ações, apenas por pessoas físicas brasileiras, o que ajuda a entender uma parte de como a valorização de 57% aconteceu.

 

O mesmo vale para os fundos multimercados. Eles investem tanto em renda fixa como em variável (bem como em outros ativos nos quais o gestor do fundo decide investir). Como não sabemos onde cada fundo investe, não é possível saber o real impacto do aumento desse tipo de ativo no mercado de ações, mas você pode ter certeza que, com maior investimento em fundos multimercados (o valor aumentou R$ 137 bilhões de 2015 para 2017), uma parte desse capital também foi investido em ações.

 

E se investirmos mais em ações?

 

Se a valorização das ações gerou ganhos, o dinheiro novo, que as pessoas passaram a investir na Bolsa, ajudou a gerar parte desta valorização. Um dos principais motivos para a valorização de ações é uma maior demanda (mais gente investindo). E aí é que temos uma oportunidade.

 

Em países com economias estáveis e taxas de juros baixas, o investimento em ações é muito mais popular do que no Brasil. A maior parte dos investimentos individuais não costuma ser em renda fixa, e sim em renda variável. Nos EUA, uma pesquisa do American Institute of Individual Investors mostrou que, em fevereiro de 2018, os americanos tinham em média 70% dos seus investimentos em ações.

 

Não vamos sair dos nossos 9% atuais para os 70% dos americanos da noite para o dia (é capaz que nunca cheguemos aos 70%). Mas, se as taxas de juros continuarem nos níveis de hoje, é provável que a participação da renda variável continue a crescer no portfólio dos brasileiros. Se nos próximos anos ela chegar a um nível próximo de 25%, temos um potencial de mais de R$ 400 bilhões investidos em ações, o que pode ajudar esse mercado a continuar subindo fortemente no Brasil. Não temos como saber se o investimento aumentará e nem em qual escala. Mas claramente existe um potencial muito grande, que não devemos ignorar se quisermos obter bons retornos com nossos investimentos.

 

Com a renda fixa apresentando seu menor nível histórico de retorno, você deve aplicar em ações para aumentar a rentabilidade dos seus investimentos. E, como vimos, esse problema não é apenas seu. Milhões de investidores estão se deparando com taxas de retorno mais baixas e procurando opções para aumentar seu retorno. Aqueles que entrarem primeiro no mercado tendem a ser beneficiados pelo movimento que esse enorme contingente de investidores pode provocar.

 

Se você está convencido que deve investir em ações, mas não sabe por onde começar, sugiro assinar nossas newsletters. Elas são gratuitas (basta inscrever seu e-mail) e, na próxima, vamos indicar o primeiro ativo que todo investidor deve ter quando decide investir em ações e não sabe o caminho a seguir.

 

Se deseja uma recomendação mais personalizada, sugiro conhecer os relatórios que fazemos na Ohr. Recomendamos carteiras para investir todo o seu portfólio. Os relatórios são bastante acessíveis, com preços a partir de R$ 10, e são recomendados para quem tenha R$ 10 mil ou mais para investir.

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