May 20, 2020

A principal decisão de um investidor

Por Fernando Tempel

Todo investidor sempre tem duas decisões a tomar:

1) investir e;

2) onde investir.

A 1ª decisão pode parecer óbvia: todo investidor (ou futuro investidor) deve sempre escolher se quer utilizar seu capital para despesas e consumo, ou se deseja investir. Mas o fato é que decidir investir ao invés de utilizar o seu capital para outras coisas é a 1ª decisão de todo investidor, e é uma decisão de grande importância para o sucesso ou fracasso dos seus investimentos.

É importante dizer que decidir investir não é uma decisão única, já que existem várias nuances dentro dela, de modo que o “como” você investe pode fazer muita diferença. É preciso decidir o quanto se quer investir (um valor fixo, um percentual do salário, etc), e por quanto tempo. Idealmente essas decisões devem fazer parte de um plano de investimentos, para se atingir seus objetivos (sejam eles quais forem).

Já a 2ª decisão vem necessariamente depois da 1ª (afinal, se você não decidir investir, não tem porque decidir aonde investir), e ela se refere à "onde" esse capital será investido. Pode ser ações, renda fixa, fundos de investimentos, imóveis, câmbio, ouro, etc. Além disso, normalmente você pode investir em diferentes classes de ativos, de modo a diversificar seus riscos e buscar maiores retornos.

O interessante é que o foco da imensa maioria das pessoas, e do mercado financeiro também, está sempre na 2ª decisão. Se você decidir investir encontrará milhares de analistas, relatórios e assessores de investimentos com dicas quentíssimas de ações, fundos de investimentos, fundos imobiliários, debentures, CDBs, dólar, investimento no exterior, etc. Além disso, sempre tem aquele amigo “especialista” com uma dica quentíssima.

Agora, o que a maioria das pessoas não sabe é que o que vai ter maior importância para atingir seus objetivos é a 1ª decisão e não a 2ª. Não que “onde” investir não seja importante: é sim. Mas, a decisão de investir e o “como” fazer isso tem um impacto muito maior no resultado final dos seus investimentos, do que as escolhas de investimentos que você faz.

Investir R$ 100 por mês não vende jornal

Um dos maiores responsáveis pelo fato de darmos muito mais importância ao “onde” investir do que ao “como” investir é a mídia. Aposto que você nunca viu uma história de uma pessoa que investe R$ 100 por mês (ou outra quantia qualquer) no jornal. Isso não é interessante. Não vende jornal (e não gera receita de propaganda).

O que a mídia adora noticiar é desgraça. Quanto pior, melhor. A Bolsa ter uma queda forte vende muito jornal. Todo mundo se interessa. Crise financeira, também. Dólar explodindo, melhor ainda. Mas mesmo fatos positivos, como alta nas ações, dólar caindo ou a economia indo bem também são notícias. Não vendem tanto quanto crises, mas tem sim interesse para a mídia.

Só para deixar claro, a mídia é um negócio e com tal visa lucro. Isso quer dizer que a mídia só notícia aquilo que as pessoas querem ver. Ou seja, no final das contas, nós (pessoas em geral) é que temos muito mais interesse em resultados de investimentos (sejam eles perdas ou ganhos) e pouco interesse em aprender a investir.

Se o papel da mídia fosse educar e não gerar lucros, então provavelmente teríamos reportagens mostrando como pessoas investem um pouco todo mês e estão criando um patrimônio, que será muito útil no seu futuro. Só que isso seria entediante, e pouquíssima gente iria assistir (ou comprar o jornal ou revista), e a mídia provavelmente fecharia suas portas, com pouca audiência.

George Soros, um dos maiores investidores do mundo, tem uma frase que resume muito bem esse ponto: “Se investir te entretém e você está se divertindo, provavelmente você não está ganhando dinheiro. Bons investimentos são entediantes”.

A grande tacada

Quando pensamos em investir, logo pensamos em dar uma grande tacada, aquela que vai nos deixar ricos de uma única vez. Quem quer juntar dinheiro por anos, para só lá na frente poder aproveitar? Eu que não. Imagino que você também não.

Mas vou te contar um segredinho: a grande tacada não existe. Não é ela que te torna rico. Nem mesmo aqueles que deram as grandes tacadas enriqueceram com elas.

O melhor fundo de investimentos do Brasil é o Fundo Verde, gerido por Luis Stuhlberger. O Verde ficou famoso justamente por dar uma grande tacada, que o diferenciou do resto do mercado.

Não sei se você se lembra (talvez não fosse nem nascido), mas em 1999 o câmbio no Brasil era fixo, em regime de bandas. Isso quer dizer que a moeda flutuava dentro de uma faixa determinada pelo Banco central (BC). Por exemplo, em janeiro de 1999 a banda variava entre R$ 1,20 e R$ 1,32. Assim, se o dólar começava a subir muito, o BC vendia dólares para segurar a alta e impedir que ele ficasse acima de R$ 1,32. E se caia, o BC comprava, para garantir que o dólar não ficasse abaixo do piso (algo mais raro).

Esse foi um dos pilares do plano Real, que controlou a inflação. Com o dólar flutuando pouco, dentro de uma banda, ficamos com a economia “dolarizada”, de modo que a inflação passou a ter um forte componente da inflação em dólar, que era muito mais baixa e controlada e ajudou em muito a controlar a nossa inflação, em Reais.

O plano era ótimo, e de fato funcionou por um bom tempo, levando ao controle da inflação. Mas o problema é que ele exigia uma enorme quantidade de dólares do BC, para evitar que a taxa de câmbio saísse da banda.

Durante muito tempo o BC foi capaz de manter o câmbio dentro das bandas, mas no começo de 1999 as reservas internacionais (os dólares que o país tinha) estavam diminuindo muito, o que levou o mercado a comprar dólares fortemente, apostando que o BC não seria capaz de manter o câmbio dentro da banda, por falta de dólares.

O mercado estava certo, e em 15 de janeiro de 1999 o governo decide deixar de intervir no câmbio, para evitar que as reservas internacionais caíssem ainda mais (eram “apenas” US$ 32 bilhões naquele momento, mas vale dizer que estava sendo consumido mais de US$ 1 bilhão por dia das reservas, para manter o câmbio dentro da banda).

Com a taxa de câmbio flutuando livremente o dólar sofreu uma forte valorização de cerca de 80%. Luis Stuhlberger tinha comprado muitos dólares para o fundo Verde, esperando por essa forte alta, de modo que nesse ano o Verde teve um ganho de 135%. Uma grande tacada, sem dúvida!

Agora eu pergunto, você acha que foi essa grande tacada que deixou Stuhlberger rico?

Vamos imaginar que nós tivemos a sorte de ter investimentos no fundo Verde em 1999. Nesse caso, teríamos a sorte de obter um enorme ganho de 135% em apenas um único ano. Lindo, né? Agora imagine que nós tínhamos R$ 1.000 investidos no fundo. Isso significa que ganharíamos R$ 1.350 naquele ano. Bom, né? Mas não muda a vida de ninguém. Ou vamos mais longe, supondo que tínhamos R$ 100.000 no fundo naquele ano. Com isso nosso ganho seria de R$ 135.000 no ano. Muito melhor, mas ainda assim provavelmente não é a grande tacada que permite a alguém se aposentar e viver apenas dos seus investimentos.

Ou seja, se o melhor fundo do Brasil, no seu melhor ano, não gera um retorno capaz de resolver todos os seus problemas financeiros, acho que fica claro que é muito pouco provável que você consiga dar uma grande tacada que resolva todos os seus problemas.

Constância é o que faz a diferença nos investimentos

Eu disse que o fundo Verde é o melhor do país. E não digo isso pela grande tacada que ele deu em 1999 (que merece todo crédito e louvor), mas sim pela sua consistência de gerar bons resultados ao longo dos anos.

Entre 1997 e 2019 o fundo Verde obteve um retorno médio de 25,3% ao ano. Um ótimo retorno, mas longe da grande tacada de 1999. Esse retorno, acumulado ao longo de 23 anos, gerou um ganho acumulado de 17.885%. Ou seja, quem investiu R$ 10 mil no fundo Verde em 1997, teria no final de 2019 uma fortuna de cerca de R$ 1,8 milhões. Aí sim, estamos falando de uma grande tacada, de fato. Um ganho que muda significativamente a vida de alguém.

Não foi o retorno de 135% em 1999 que gerou a grande tacada. Ele contribuiu, sem dúvida. Mas a grande tacada veio da constância de bons resultados ao longo de muitos anos. Veio de outros anos muito bons, mas também de anos ruins e até de prejuízos. Foi a composição desses resultados que gerou essa grande tacada.

Se alguém investisse R$ 100 no fundo Verde em 1997, ao final de 2019 teria cerca de R$ 18 mil. É um retorno espetacular sobre os R$ 100 investidos, mas não muda a vida de ninguém. Agora, se alguém investisse R$ 100 por mês, ao longo de 23 anos e obtivesse o retorno médio de 25,3% ao ano, teria gerado um patrimônio de pouco mais de R$ 1 milhão.

É importante você entender que não é um único grande investimento que vai te gerar ganhos. O retorno é muito importante. Como vimos, um grande retorno tem grande impacto, sim. Mas quanto mais você investe e por quanto mais tempo você investe, maior é esse impacto. E você não precisa ter todo o dinheiro agora para investir. Você pode e deve investir cada vez mais, ao longo dos anos, pois essa é a forma correta de investir e acumular um patrimônio considerável.

Existem várias coisas que você pode fazer para acelerar o seu processo de acumulação de capital. Muitas delas não tem relação com a escolha de “onde” investir, mas sim com “como” você os faz. Para você aprender esses segredos e tirar o maior proveito dos seus investimentos, escrevi o livro Milionário com R$ 100 por mês, que é gratuito e só pode ser baixado no site da Ohr Investimentos.

Além do livro, dentro de alguns meses vamos lançar um curso, com explicações mais detalhadas do que as do livro sobre o “como” investir, além de ensinar o caminho das pedras, para que você saiba “onde” investir e não caia nas ciladas do mercado financeiro, garantindo um bom retorno dos seus investimentos e com nível de risco controlado. Se tiver interesse em se inscrever no curso, cadastre-se na nossa lista para ser avisado com antecedência e garantir uma das vagas.

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