Por Felipe Guarnieri
1 milhão de investidores na bolsa | Marxismo | Holanda
Este é o gráfico mais importante que você verá hoje
Ele mostra o número de investidores brasileiros em bolsa de valores que pela primeira vez na história ultrapassou 1 milhão
É um número simbólico, relevante, mas infelizmente ainda muito aquém de outros país. Aqui temos 0,5% de brasileiros que decidiram se tornar sócios de empresas via bolsa; nos EUA são 65%. Temos ainda mais gente presa do que investindo na bolsa (e arrisco a dizer que muito mais gente que deveria estar presa, mas está solta do que gente presa). Gostaria de justificar que lá fora é mais fácil ficar sócio da Apple, do Bill Gates, do Bezos ou do Buffet; mas isto não explica a história toda. Temos bons empresários no Brasil, mas creio que não necessariamente bons investidores
Marx estava certo quando disse que é bom ser dono dos meios de produção (ok, não foi bem isso que ele disse, é para fazer o ponto); mas obviamente errado em querer forçar todos a serem donos dos meios de produção, incluindo aqueles que nunca quiseram, incluindo ser dono de meios de produção improdutivos
O capitalismo tem uma vantagem enorme, ele permite que qualquer um seja livre para escolher de quais meios de produção quer ser dono
Quer ser sócio do Banco Itaú? Por módicos R$ 32,50 você compra uma ação ordinária do banco e ainda pode votar na escolha dos conselheiros, exatamente como as famílias Setúbal, Villela, Moreira Salles e Souza Aranha! Com acesso aos mesmos lucros proporcionais
Gosta da Natura? R$ 51,15 e você vira sócio dos Leal, Seabras e Passos
Acha que o Elie Horn é um dos melhores empresários de construção civil no Brasil? Por R$ 17,00 você vira sócio dele
Sócio voluntário no lugar de credor compulsório; talvez esta seja a maior contribuição da Holanda (Países Baixos) para a história da civilização, quando lá no século XVII surgiu a Companhia das Índias Ocidentais; a primeira companhia de capital aberto do mundo. País sério, o título de dívida mais longevo que ainda paga juros anualmente é justamente um bond perpétuo de uma companhia de águas holandesa (mas isto já é outra história)
Infelizmente nossos professores de história focam apenas no lado ruim da Cia, como o uso de exércitos armados para defesa de seus interesses e a "exploração" do Brasil (você preferiria Cabral, ou Nassau?). Nada falam sobre a grande revolução que a sociedade por ações inventada na Holanda trouxe para a evolução do mundo, para a democratização das empresas gigantescas que puderam pela primeira vez ter como sócios pessoas pobres, trabalhadores e qualquer um que estivesse disposto a correr os mesmos riscos do empresário. Pouco falam sobre como o capitalismo elevou e democratizou a criação de riqueza, em como os ganhos de produtividade foram tão expressivos que praticamente eliminou a escravidão do mundo (o último país a tornar a escravidão ilegal no mundo foi a Mauritânia em... ...2007, na África!; não é o que se pode chamar exatamente de um país com elevado índice de produtividade)
É muito melhor poder escolher ser sócio de empresas (ainda que de eventuais Eikes Batista da vida no meio do caminho), do que ser obrigado a ser sócio de todas as Governobrás S.A. do nosso país